SÃO PAULO - A crise econômica internacional expôs as diferenças na forma como Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) conduzem a política de câmbio. Nos últimos dois anos, entre maio de 2008 e o quinto mês de 2010, a Índia foi o único entre os BRIC a apresentar câmbio com pouca interferência do governo para promover a valorização ou a desvalorização da moeda.
As informações estão na Nota Econômica intitulada Regimes cambiais dos BRIC, que revelam diferentes graus de intervenção no câmbio, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo estabelece um cálculo para o índice de intervenção no câmbio nos quatro países.
Segundo a nota, o índice médio de intervenção no câmbio da Índia foi de 0,048 pontos nos últimos 24 meses, o menor entre os BRIC. No mesmo período, o índice do Brasil foi de 0,514 ponto, o da Rússia foi de 0,708 ponto e o da China foi de 0,886 ponto. O índice varia de zero, quando a flutuação é totalmente livre; a um, quando o câmbio é fixo.
O economista da CNI, Marcelo de Ávila, explica que a crise econômica internacional teve menor impacto sobre a Índia e, portanto, não gerou fuga de capitais daquele país nas mesmas proporções como no Brasil e na Rússia. Os investidores estrangeiros continuaram a apostar na Índia, que passou pela crise sem precisar controlar o câmbio. "Há alguma intervenção no câmbio da Índia no início da crise internacional, entre junho e outubro de 2008, mas, em seguida, o câmbio voltou a ser livre. Isso porque o país sofreu menos com a crise internacional e, portanto, não teve fugas de capital", analisa. A explicação para o menor impacto ao Produto Interno Bruto da Índia é que a economia indiana é mais intensiva em serviços.
A Índia também apresentou câmbio menos volátil do que o do Brasil e o da Rússia. Essa volatilidade é mostrada por outro índice calculado pela CNI no estudo, o índice de turbulência dos mercados cambiais dos BRIC.
A média do índice de turbulência da Índia foi de 0,020 ponto entre maio de 2008 e maio de 2010. Esse número só foi um pouco maior do que o da China, cujo índice médio no período foi de 0,018 ponto. Mas a China tem um câmbio praticamente fixo. "Tanta intervenção no câmbio da China contribuiu para um baixo índice de turbulência", observa Ávila.
O mercado de câmbio que apresentou a maior turbulência com a crise foi o da Rússia, com um índice médio de 0,150 ponto. Depois veio o Brasil, com um índice médio de 0,074 ponto.
Segundo estudo feito pela Confederação Nacional das Indústrias, a Índia tem menor índice de intervenção no câmbio que Brasil, Rússia e China. Nesse ranking, o Brasil fica à frente dos outros dois países.
(aspas)
Fonte : Jornal “DCI”, 12/08/2010
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