SÃO PAULO - A Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), aprovou cinco resoluções que alteram a regra de tributação da Tarifa Externa Comum (TEC) para produtos do setor aeronáutico. A alíquota do Imposto de Importação (II) passa a ser de 0% para compra de aeronaves, aparelhos de treinamento de vôo e também para aquisições no exterior de partes e peças destinadas a fabricação, reparo, manutenção, modificação ou industrialização de aeronaves.
Outra alteração importante foi a inserção de 410 produtos na lista de ex-tarifários - bens de serviços e bens de capital que serão beneficiados pela redução tributária da importação.
O objetivo da alteração para o setor aeronáutico foi uma ampliação da visão do setor mundialmente, aliado à proposta brasileira submetida ao Mercosul, motivada pelos reflexos da conjuntura econômica internacional na indústria aeronaútica. A proposta foi aprovada pelos demais países do bloco, conforme Resolução do Mercosul.
De acordo com o analista de comércio exterior Ivan Boeing, o benefício para o setor deverá desequilibrar ainda mais a balança comercial brasileira, uma vez que as importações tendem a aumentar; contudo, o nome do produto brasileiro no mercado internacional deve ter maior destaque e crescerem as exportações no longo prazo. "No curto prazo será negativo para a balança comercial, pois haverá crescimento das importações. No longo prazo [quando as máquinas estiverem prontas] haverá uma alta das exportações destes produtos", diz Boeing.
"Estamos na TEC em grupo. Provavelmente, como é uma proposta brasileira, o maior interesse seja da Embraer. Isto é um pleito deles que o governo acatou e tornou possível. Eles reduziram o imposto de importação a 0%, ou seja, não podemos ver como uma possível venda ao mercado externo somente, uma vez que se fosse esse o único objetivo a Embraer utilizaria o drawback [sistema de isenção de tributos na compra de peças e partes para produção de bens, revendidos ao mercado internacional]. Assim, partes e peças que serão compradas têm em vista a redução de custos de manutenção e a expansão da frota interna", argumentou o professor do Mackenzie, Diego Coelho.
Ex-tarifários
A ampliação das importações deve permanecer crescente, uma vez que Camex inseriu outros 410 produtos que serão beneficiados pela redução tributária na importação até 30 de junho de 2012.
Entre os setores contemplados, estão o gráfico, o de papel e celulose e o petroquímico.
A resolução diminui o Imposto de Importação para bens de capital, de 14% para 2%, incidente sobre 400 produtos, dos quais 393 são ex-tarifários simples e 7 sistemas integrados. Também houve redução de alíquotas, para 2%, para bens de informática e telecomunicações.
De acordo com a Camex, apesar de haver condições para a fabricação de alguns bens de consumo no Brasil, no momento, não há produção no País para atender às necessidades industriais e demandas internas.
"Se o governo tem a demanda do ex-tarifários, o objetivo é modernizar o parque industrial e reduzir custos na venda interna. A redução é interessante porque não entra em concorrência com os similares nacionais. Isso significa que a indústria parece estar defasada e compradora, e quer aumentar seu poder de produção e, consequentemente, a sua produtividade", pondera o professor Coelho.
O Comitê Executivo de Gestão da Camex também aprovou ontem uma alteração no artigo 2º da Resolução n. 80, que determinou a aplicação de direito antidumping às importações de fios de viscose quando originárias da Áustria, da Índia, da Indonésia, da China, da Tailândia e do Taipé Chinês.
Outra resolução alterada é a que decidiu a aplicação de direito antidumping definitivo às importações de canetas esferográficas originárias da China. O objetivo é especificar os tipos de canetas excluídas da medida antidumping e evitar que produtos que estejam fora do objeto da investigação fiquem sujeitos à cobrança.
"Houve mudança na redação do item 2.2 da Resolução n. 24 para melhor especificar os tipos de caneta excluídos da medida antidumping. Assim, passam a ser excluídos os seguintes tipos de caneta esferográfica: canetas de maior valor agregado, comercializadas a partir de US$ 0,50 por unidade; canetas dotadas de corpo metálico; canetas com previsão de troca de carga de tinta; canetas que agregam outras funções, além da escrita; e canetas cuja descrição as coloca como canetas de luxo", aponta o documento divulgado pela Camex.
O governo decidiu reduzir ou zerar o Imposto de Importação para mais de 400 produtos. A decisão, tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, beneficia setores como aviação, petroquímica e papel e celulose.
A Camex aprovou, por exemplo, o fim da cobrança do Imposto sobre Importação para compra de aeronaves, aparelhos de treinamento de voo e também para aquisições no exterior de partes e peças destinadas a fabricação, reparo, manutenção, modificação ou industrialização de aeronaves.
Outra alteração importante foi a inserção de 410 produtos na lista de ex-tarifários - bens de serviços e bens de capital que serão beneficiados pela redução tributária na importação.
A carga tributária destes produtos passará de 14% para 2% do valor da importação até 30 de junho de 2012, e a medida vai beneficiar principalmente os setores gráfico, de papel e celulose e petroquímico. Segundo a Camex, alguns destes produtos são fabricados no mercado interno, mas a oferta não consegue atender a demanda atual das empresas.
O setor automotivo é um dos que sofrem com a escassez de algumas peças, principalmente pneus. E a importação é a alternativa apontada por fabricantes para resolver problemas de abastecimento do produto.
O presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, diz que a única reclamação dos fabricantes nos últimos tempos é com relação à falta de pneus, principalmente para caminhões. "Não temos informação da falta de outros componentes. A demanda ainda está no pneu para veículos pesados."
Randon e Guerra, duas das maiores fabricantes de implementos e de veículos do País, afirmam que há defasagem de 20% no fornecimento de pneus.
De acordo com a Anip, que reúne os fabricantes do setor, não há necessidade de importações porque o fornecimento de pneus de carga cresceu cerca de 60% de janeiro a maio em relação ao mesmo período de 2009, o que invalidaria a tese de falta do produto.
A Pirelli, uma das maiores fabricantes de pneus do País, também assegura que não houve crise no fornecimento. Segundo a empresa, aconteceram problemas pontuais de abastecimento "porque a demanda cresceu de forma significativa num curto intervalo de tempo e houve defasagem temporal em relação aos projetos de ampliação".
(aspas)
Por : Karina Nappi, para o Jornal “DCI”, 09/08/2010
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