quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Falta de mão de obra eleva atraso no embarque de açúcar no Porto

Com 49 navios aguardando na barra para poder carregar açúcar no Porto de Santos - de um total de 117 navios fundeados nesta terça-feira esperando por um berço disponível no cais santista - outro vilão além da chuva está prejudicando o embarque da commodity no maior porto de da América Latina: a falta de mão-de-obra, principalmente de trabalhadores da estiva (que carregam mercadorias dentro dos navios) e da capatazia (que carregam mercadoria na faixa de cais) para o embarque de açúcar ensacado.

 

"É inadmissível em uma safra de açúcar como estamos agora, nós estamos com praticamente todos os navios que estão operando no porto, perto de cinco ou seis por dia, parados por falta de mão-de-obra", disse o diretor executivo do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), José dos Santos Martins, explicando que o problema é pontual no embarque de sacaria e não de açúcar a granel. Dos 49 navios da fila, 38 vão embarcar açúcar a granel e 11 em sacos.

 

De acordo com Martins, os prejuízos causados com o problema são "muito grandes" e quem paga a conta é o operador portuário. "No contrato que ele faz com o exportador ele assume toda a parte operacional do processo e quando não consegue repassar esse custo é dele, ele vai tirar da margem que tinha negociado com o próprio exportador e a gente não pode admitir o maior porto da América Latina parado por falta de mão-de-obra", diz o diretor, destacando os custos com a demurrage (taxa cobrada por tempo excedido de permanência no porto).

 

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) está ciente da situação e após ser procurada pelos operadores realizou nesta segunda-feira uma reunião com o próprio Sopesp, os operadores de sacaria e o Órgão Gestor de Mão-de-Obra Avulsa (Ogmo).

 

Outro encontro deverá acontecer nesta quarta-feira onde, além desses grupos, participarão os presidentes dos sindicatos dos estivadores e dos trabalhadores de capatazia. Na ocasião, o Ogmo deverá apresentar um retrato da situação e soluções para o suprimento dessa demanda.

 

Entretanto, o diretor de infraestrutura e serviços da Codesp, Paulino Moreira da Silva Vicente, afirma que a operação de açúcar ensacada não foi completamente paralisada, sendo apenas reduzida porque os navios acabaram operando com um número de trabalhadores menor que o necessário. "Embora nós tenhamos um contingente bastante grande de mão-de-obra no Ogmo, quando você faz o engajamento desse pessoal durante os períodos de escala ao longo do dia, tem ocorrido falta de trabalhadores para atender a operação portuária", disse Vicente.

 

A assessoria de imprensa do Ogmo informou que das 4.504 oportunidades de trabalho oferecidas na segunda-feira, 4.358 foram preenchidas e do déficit de 146 trabalhadores, 44 operariam o embarque de açúcar. Já nesta terça-feira, até a escala das 13h, das 1.848 oportunidades oferecidas, 1.810 trabalhadores foram engajados e das 38 vagas ociosa, 18 foram da operação de açúcar.

 

Na tentativa de resolver o problema, o Ogmo publicou na edição desta terça-feira do jornal Expresso Popular um edital convocando os trabalhadores portuários avulsos. O comunicado convoca os "inscritos no Registro e no Cadastro a comparecerem aos Postos de Escalação para atendimento da demanda de serviços, sob pena de aplicação das medidas disciplinares cabíveis".

(aspas)

Fonte : “A Tribuna” (On Line), Santos/SP, 10/08/2010

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