terça-feira, 29 de setembro de 2009

Porto de Santos terá R$ 5 bilhões para obras

O maior porto da América Latina quer apagar a imagem caótica de seu dia a dia e eliminar o risco de colapso nos próximos anos. Para isso, foi dada a largada a um ambicioso plano de expansão, de R$ 5,2 bilhões, que já começa mudar a paisagem do Complexo Portuário de Santos, responsável por 27% do comércio exterior brasileiro. Mais de 70% dos investimentos serão bancados pela iniciativa privada e o restante, pelo Estado, que terá a missão de melhorar os acessos, marítimo e terrestre, ao porto.

 

A ampliação tem base num plano de demanda que vem sendo desenhado pelo Banco Mundial. O estudo, previsto para ser concluído ainda este ano, prevê crescimento de até 158% no movimento no porto entre 2009 e 2024, de 88,96 milhões para 229,73 milhões de toneladas.

 

"Decidimos olhar o porto daqui a 20 anos para nos programarmos melhor e evitar transtornos com a retomada da economia", destacou José Roberto Correia Serra, presidente da Companhia Docas do

 

Estado de São Paulo (Codesp), que administra o complexo portuário.

 

No cargo desde agosto do ano passado, ele planeja dar uma nova cara ao porto santista, nos moldes do mercado internacional. A intenção é fazer um zoneamento de áreas, criando polos por tipo de carga, de grãos, contêineres ou granéis líquidos, além do transporte de passageiros. A estratégia será aproveitar os contratos de arrendamento que vencerão nos próximos anos para fazer a modelagem. Assim, um terminal poderia ser anexado a outro maior para dar mais escala ao transporte.

 

De acordo com os dados do Banco Mundial, o Porto de Santos precisará de 16 novos berços especializados para atender à demanda até 2024. Nove deles terão de ser construídos até 2014. Para isso, o governo federal conta com pesados investimentos de grupos privados, nacionais e estrangeiros, que estão ávidos por novas áreas nos portos nacionais.

 

Nos últimos meses, a orla do porto se transformou num enorme canteiro de obras, com a mistura da construção da Avenida Perimetral (com dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC), e obras privadas. Entre as ampliações de terminais, a mais avançada é a do Tecondi, voltado para a movimentação de contêineres na margem direita, em Santos.

 

A obra, de R$ 185 milhões, vai elevar a capacidade do terminal, de 318 mil TEUs (medida internacional que equivale a um contêiner de 20 pés) para 700 mil TEUs. Além da obra civil, o Tecondi vai ganhar equipamentos modernos para facilitar o movimento das cargas.

 

Os guindastes antigos serão substituídos por portêineres e transtêineres (equipamentos usados no embarque e desembarque dos contêineres) de última geração. Com a ampliação da área, o terminal ganhará mais um berço de atracação, de 320 metros de comprimento e 14,5 metros de profundidade.

 

Para evitar o aterramento do cais, as obras estão sendo feitas sob estacas, o que diminui o impacto ambiental do projeto.

 

Além do Tecondi, outros grupos iniciaram dois importantes terminais: Embraport e Brasil Terminais Portuários (BTP). Todos eles estão de olho nas projeções de avanço das cargas em contêineres e granéis líquidos, como o etanol. Segundo os estudo do Banco Mundial, o movimento de cargas gerais (contêineres e veículos) deve crescer 238% até 2024. Em cinco anos, o volume já terá aumentado 58%.

 

O projeto da BTP é o maior em andamento, com custo de R$ 1,6 bilhão. Desse total, R$ 240 milhões serão destinados à recuperação da área, que durante anos foi usado como lixão, diz Henry James Robinson, diretor geral da empresa, que tem como sócio a MSC, segunda maior armador em contêiner do mundo. O início de operação está previsto para 2012.

 

Fonte: O Estado de S. Paulo 28/9/2009

 

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