Depois de um tombo de 9,5% em outubro, o dólar passa por um período de recuperação de preço, mas não mostra força suficiente para ir além de R$ 1,75. Os agentes parecem esperar tanto uma melhor definição de quadro internacional, quanto um sinal mais claro sobre o rumo do fluxo de recursos externos para o país, que vem dando indicações de perda de fôlego.
Olhando além das movimentações de curto prazo, os especialistas da Nomura Securities realizaram um estudo estratégico sobre o real e chegaram à conclusão de que a moeda brasileira pode passar por um período de perda de força, voltando a se aproximar da linha de R$ 1,90 até meados de 2012.
No entanto, essa fraqueza do real seria passageira, com a moeda fechando o próximo ano na casa de R$ 1,65 e chegando a R$ 1,55 no encerramento de 2013.
Segundo o diretor-gerente e chefe de pesquisas para América Latina da Nomura, Tony Volpon, uma redução no preço das commodities, reflexo do menor crescimento mundial, somada a menores taxas de juros domésticas embasa essa expectativa de um período menos favorável à moeda brasileira.
Na visão da instituição, o Brasil passa por um período de disseminada desaceleração econômica e como o Banco Central (BC) mantém uma visão bastante negativa sobre o ambiente mundial, a taxa básica de juros deve continuar sendo reduzida até 9,5% no segundo trimestre de 2012.
No lado das commodities, o período de expressivo ganho nos termos de troca pode estar ameaçado. Ou seja, se as commodities perdem ímpeto, o país precisará aumentar os volumes de exportação para compensar o menor preço. Algo que pode não acontecer em um ambiente de menor crescimento mundial.
"Mas apesar desse momento de fraqueza, enxergamos grande força no lado dos fundamentos da moeda brasileira no médio e longo prazos. Especificamente a construção da infra-estrutura necessária à exploração do pré-sal e a possibilidade de o Brasil vir a se tornar um grande exportador de petróleo", diz Volpon, apontando que o expressivo crescimento do Investimento Estrangeiro Direto (IED) já é uma manifestação disso.
"Já vemos no IED os efeitos dos investimentos em infraestrutura do setor petrolífero, e isso só vai aumentar. Tanto o fluxo de investimentos como posteriormente o fluxo da venda do petróleo vão fortalecer a moeda", explica, apontando que os investimentos estimados no pré-sal passam dos US$ 100 bilhões.
Em se tal quadro for confirmado, além do país se tornar um dos maiores e mais diversificados exportadores do mundo, surge um desafio para o governo brasileiro: como lidar com essa enxurrada de dólares?
Por ora, a saída em momentos de abundância de moeda americana foi a adoção de uma série de medidas restritivas, como Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em renda fixa, ações e derivativos. Quando a coisa azeda, o BC socorre o mercado ofertando liquidez nas praças futuras (como visto agora em setembro) ou mesmo no câmbio à vista (última ocorrência em fevereiro de 2009).
Para Volpon essa questão é um tanto mais complexa. Evita-se relacionar o excesso de consumo e crédito doméstico com a apreciação cambial.
"Dada a necessidade de investimento, a falta de poupança doméstica gera o fluxo de recursos externos que contribui para a apreciação do câmbio. A opção por um modelo econômico que coloca consumo em primeiro lugar tem esse efeito", explica Volpon.
Para o especialista, o governo teria de rever sua postura se quisesse conviver com uma moeda mais fraca. A saída seria aumentar a poupança e investir, deixando de colocar o consumo em primeiro lugar, incluindo a renda futura proveniente da exploração das reservas do pré-sal.
"Mas não há muita esperança de que essa mudança seja feita. A briga sobre a partilha dos royalties do petróleo é sinal disso", conclui o especialista.
(aspas)
Por : Eduardo Campos, repórter do Jornal “Valor Econômico” 08/11/2011
Olhando além das movimentações de curto prazo, os especialistas da Nomura Securities realizaram um estudo estratégico sobre o real e chegaram à conclusão de que a moeda brasileira pode passar por um período de perda de força, voltando a se aproximar da linha de R$ 1,90 até meados de 2012.
No entanto, essa fraqueza do real seria passageira, com a moeda fechando o próximo ano na casa de R$ 1,65 e chegando a R$ 1,55 no encerramento de 2013.
Segundo o diretor-gerente e chefe de pesquisas para América Latina da Nomura, Tony Volpon, uma redução no preço das commodities, reflexo do menor crescimento mundial, somada a menores taxas de juros domésticas embasa essa expectativa de um período menos favorável à moeda brasileira.
Na visão da instituição, o Brasil passa por um período de disseminada desaceleração econômica e como o Banco Central (BC) mantém uma visão bastante negativa sobre o ambiente mundial, a taxa básica de juros deve continuar sendo reduzida até 9,5% no segundo trimestre de 2012.
No lado das commodities, o período de expressivo ganho nos termos de troca pode estar ameaçado. Ou seja, se as commodities perdem ímpeto, o país precisará aumentar os volumes de exportação para compensar o menor preço. Algo que pode não acontecer em um ambiente de menor crescimento mundial.
"Mas apesar desse momento de fraqueza, enxergamos grande força no lado dos fundamentos da moeda brasileira no médio e longo prazos. Especificamente a construção da infra-estrutura necessária à exploração do pré-sal e a possibilidade de o Brasil vir a se tornar um grande exportador de petróleo", diz Volpon, apontando que o expressivo crescimento do Investimento Estrangeiro Direto (IED) já é uma manifestação disso.
"Já vemos no IED os efeitos dos investimentos em infraestrutura do setor petrolífero, e isso só vai aumentar. Tanto o fluxo de investimentos como posteriormente o fluxo da venda do petróleo vão fortalecer a moeda", explica, apontando que os investimentos estimados no pré-sal passam dos US$ 100 bilhões.
Em se tal quadro for confirmado, além do país se tornar um dos maiores e mais diversificados exportadores do mundo, surge um desafio para o governo brasileiro: como lidar com essa enxurrada de dólares?
Por ora, a saída em momentos de abundância de moeda americana foi a adoção de uma série de medidas restritivas, como Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em renda fixa, ações e derivativos. Quando a coisa azeda, o BC socorre o mercado ofertando liquidez nas praças futuras (como visto agora em setembro) ou mesmo no câmbio à vista (última ocorrência em fevereiro de 2009).
Para Volpon essa questão é um tanto mais complexa. Evita-se relacionar o excesso de consumo e crédito doméstico com a apreciação cambial.
"Dada a necessidade de investimento, a falta de poupança doméstica gera o fluxo de recursos externos que contribui para a apreciação do câmbio. A opção por um modelo econômico que coloca consumo em primeiro lugar tem esse efeito", explica Volpon.
Para o especialista, o governo teria de rever sua postura se quisesse conviver com uma moeda mais fraca. A saída seria aumentar a poupança e investir, deixando de colocar o consumo em primeiro lugar, incluindo a renda futura proveniente da exploração das reservas do pré-sal.
"Mas não há muita esperança de que essa mudança seja feita. A briga sobre a partilha dos royalties do petróleo é sinal disso", conclui o especialista.
(aspas)
Por : Eduardo Campos, repórter do Jornal “Valor Econômico” 08/11/2011
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