quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Abramat defende importação menor

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) começa a estudar o desenho de uma ação conjunta das entidades que representam os diversos fabricantes do setor, diante dos números recordes de importação de materiais. No ano passado, as importações de materiais chegaram ao valor recorde de US$ 6 bilhões, marca que deve ser batida, em 2011, quando se espera US$ 7 bilhões, conforme levantamento realizado em parceria pela Abramat e pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O total das importações de materiais de 2010 corresponde a cerca de 10% dos R$ 105,4 bilhões faturados pelo setor. "Boa parte das indústrias teria condições de substituir importações se não fosse o câmbio defasado", afirma o presidente da Abramat, Walter Cover. Segundo ele, o setor está preparado para oferecer a qualidade e a quantidade necessárias para substituir importações.

Individualmente, associações de fabricantes de materiais de segmentos específicos já conseguiram que o governo anunciasse medidas de defesa comercial. Em meados do ano, por exemplo, entraram em vigor o licenciamento não-automático para importação de porcelanato e o aumento do imposto de importação desses itens de 12% para 35%, medidas que resultaram de pleito da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer), segundo o diretor superintendente da entidade, Antonio Carlos Kieling.

Outras medidas de defesa comercial estão em estudo pela Anfacer. No ano passado, as importações de revestimento cerâmico somaram 22 milhões de metros quadrados, o dobro de 2009, com quase o total originado da China. A Anfacer estima elevação de 50% do volume importado em 2011. As importações do segmento devem ficar no patamar de US$ 182 milhões a US$ 185 milhões, ante US$ 133 milhões em 2010.

No segmento de pisos laminados, as importações praticamente dobraram em volume de janeiro a setembro ante o mesmo período de 2010. Há pouco mais de um mês, o Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex), do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) passou a checar a classificação dos pisos laminados que entram no país, segundo o gerente executivo de relações institucionais e governamentais da Associação Brasileira da Indústria de Piso Laminado de Alta Resistência (Abiplar), Carlos Eduardo Mariotti.

A Abramat está definindo também campanha de comunicação, com foco no consumidor final, para elevar as vendas de materiais. "Queremos desenvolver ação de comunicação junto ao varejo para mostrar a ideia de viver com qualidade nos imóveis", diz Cover. Dados da FGV divulgados pela Abramat apontam que o faturamento nominal do setor deve crescer entre 9% e 11% em 2012, em relação aos R$ 113 bilhões esperados para este ano.

A entidade pretende ainda reforçar o pleito de aumento do número de materiais de construção com desoneração fiscal ou redução tributária e o pedido de mais prazo para a permanência das alíquotas reduzidas ou zeradas, argumentando que isso contribui para elevar a arrecadação e reduzir a informalidade.


(aspas)

Por : Chiara Quintão, de São Paulo, Jornal “Valor Econômico”, 03/11/2011

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