quarta-feira, 18 de maio de 2011

O equivoco da retaliação

O nosso Ministro (MDIC) entende algo de comércio exterior ou caiu no ministério de paraquedas?
Comentário do Blog.


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* por Luiz Fernando Antonio

A Argentina é o terceiro maior parceiro econômico do Brasil. Importamos de lá cerca de US$ 6 bilhões de veículos e exportamos o equivalente, também em veículos. A corrente comercial se dá através de acordos bilaterais no Mercosul (é um pra lá e um pra cá!), tudo com benefícios fiscais em ambos os países, objetivando fomentar e fortalecer as montadoras locais.

O Brasil está no sétimo ano consecutivo com superávits comerciais, com uma média anual  de US$ 3,3 bilhões. A Argentina está atrás somente da China e Estados Unidos entre os parceiros comerciais mais importantes para o País. Por outro lado, as importações da Argentina ocupam o primeiro lugar no ranking brasileiro, representando 36% do seu total, contra 13,6% da China e 10,7% dos Estados Unidos.

Atualmente, temos problemas sérios nesta relação. A Argentina está passando por dificuldades econômicas, cambiais e políticas, entre outras. A forma de tentar resolver estes problemas tem sido as mesmas que o Brasil tentava através da Cacex (Carteira de Comércio Exterior), com expedientes nada transparentes, tais como: engavetamento dos pedidos de importação, que no caso da Argentina ainda são em papel, exigências de contrapartidas de exportação inatingíveis, pressão truculenta das autoridades governamentais para investimentos no País, etc.

Em 2010, o Brasil exportou US$ 18 bilhões e 522 milhões para a Argentina e importou US$ 14 bilhões e 417 milhões, gerando um superávit comercial de US$ 4.135, mesmo com todos os problemas enfrentados. Os permissos de importação chegam a demorar 210 dias úteis para aprovação. Além disso, foram criadas barreiras extras para comercialização dos  produtos importados nos casos de alimentos em geral, massas, chocolates, linha branca, eletro-eletrênicos  etc, e também grandes dificuldades para o setor de autopeças para o  mercado de reposição dos veículos nacionais  (as montadoras não têm sido afetadas porque importam pouco do Brasil).

Até agora, os negociadores do  MDIC e do Itamaraty  têm tido sucesso nas negociações, mas precisamos pensar em novas alternativas e novas ferramentas para viabilizar esta parceria, como implementação de um sistema de drawback financeiro, ampliação de créditos e prazos de pagamento, operações para pagamento em reais, exigências de maior conteúdo local na Argentina/Mercosul para  ser concedido o beneficio de isenção de impostos de importação nos acordos bilateral/Mercosul.

Mesmo com todas as dificuldades, a Argentina tem sido nossa parceira e é melhor termos vizinhos economicamente mais saudáveis.


* Luiz Fernando Antonio é ex-diretor do Decex do MDIC e da Fiesp/Ciesp, além de ex-presidente do Instituto de Estudos de Comércio Exterior (Icex).

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