sexta-feira, 20 de maio de 2011

NavCity vêm ganhando espaço nas prateleiras.


O reflexo direto dessa ofensiva é uma mudança no quadro de competição do mercado brasileiro. De acordo com a consultoria GfK, as cinco principais marcas de celulares presentes no Brasil perderam 5,6 pontos percentuais de participação de mercado em 12 meses, até março, passando de 98% para 92,4% das vendas totais no país. No mesmo período, o número de marcas de celulares passou de 14 para 20.

Outra consequência é a redução do preço dos telefones móveis trazidos do exterior: o valor médio unitário diminuiu de US$ 109, entre janeiro e abril do ano passado, para US$ 77 em igual período de 2011.

Trazidos pelos fabricantes e vendidos diretamente no varejo, sem o intermédio das operadoras, os aparelhos têm um recurso que atrai cada vez mais a atenção dos consumidores: a possibilidade de funcionar com mais de um chip. Os brasileiros - em sua maioria adeptos dos planos pré-pagos - criaram o hábito de ter um chip de cada operadora, para aproveitar as promoções de todas elas.

O preço é outro fator importante. Por exemplo, um aparelho com câmera digital, capacidade para dois chips e teclado físico da Alcatel pode ser encontrado por R$ 199. Um modelo semelhante da LG, fabricado no Brasil, custa em torno de R$ 499.

Segundo um executivo de uma empresa que produz celulares no exterior, as companhias com fábricas no país subestimaram a demanda interna, o que está abrindo espaço para novas marcas, que trazem aparelhos principalmente da China. "Os varejistas estão procurando novos fornecedores", afirma esse executivo.

Por enquanto, o aumento nas importações não parece afetar a produção de celulares no Brasil. No ano passado, foram produzidos 61 milhões de telefones móveis no país, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Neste ano, o volume de unidades fabricadas no país cresceu entre 24% e 35% ao mês no primeiro trimestre, de acordo com o MDIC.

Na Nokia, o ritmo das importações é constante, sem apresentar saltos relevantes, diz Luiz Carneiro, diretor de relações governamentais da companhia. A Nokia importa modelos como o C7, o E7 e o X5, mas outros aparelhos avançados, como o smartphone N8, são fabricados no Brasil. "A importação é uma atividade complementar. Ela não altera em nada nossos planos de fabricação local", diz o executivo.

A Abinee, no entanto, se mostra preocupada com o avanço das importações. "Estamos sendo comidos pelas beiradas", diz Luiz Cezar Rochel, gerente do departamento de economia da associação.

Para Ivair Rodrigues, da consultoria IT Data, a questão é preocupante e tende a se agravar diante da crescente demanda por smartphones. Se as importações desses aparelhos - que são mais caros - deslancharem nos próximos anos, o desequilíbrio na balança comercial ficará mais profundo. "Com o dólar como está, começa a ficar mais interessante importar que produzir aqui", diz Rodrigues.

Procuradas, Samsung, Motorola, LG e Sony Ericsson informaram, por meio de suas assessorias de imprensa, que fabricam 100% dos aparelhos vendidos no Brasil. A Huawei informou não ter encontrado um porta-voz até o fechamento desta edição.

Por e-mail, a ZTE afirmou que a companhia desponta como 4º ou 5º maior vendedor de aparelhos no Brasil. "O relacionamento com o varejo vem se desenvolvendo a cada dia, com constante crescimento nas vendas, apesar de ser uma marca não tão conhecida no mercado", informou a companhia. A ZTE afirma ter contratos com companhias de manufatura sob demanda para a fabricação de cinco modelos de celulares no Brasil.

(aspas)



Por : Gustavo Brigatto e Talita Moreira, de São Paulo, para o Jornal “Valor Econômico”, 20/05/2011

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