Pela primeira vez na história, o grupo das 40 maiores empresas exportadoras do país concentrou mais da metade de todo o volume de vendas para o exterior.
No acumulado do ano até julho, segundo o Ministério do Desenvolvimento, essas companhias responderam por 51,1% de tudo o que o país vendeu para fora.
Elas foram responsáveis por exportações de US$ 54,6 bilhões. No período, as vendas totais para o exterior somaram US$ 106,86 bilhões.
O melhor resultado do grupo de 40 maiores empresas havia sido observado em 2008, quando ficaram com 47,4% das exportações.
A concentração fica ainda mais evidente ao notar que, somadas as vendas externas das dez maiores empresas, o volume representa quase um terço de tudo o que o país exporta.
Vale e Petrobras, as duas maiores, pela ordem, somam quase 20% do total.
O aumento da concentração das exportações nos últimos anos vem passando por um processo contínuo. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, as 40 principais empresas eram responsáveis por 40,6% das vendas ao exterior. Esse total chegou a 35,8% ao final de 1999.
Ao mesmo tempo, desde 2007, o país vem reduzindo o número de empresas que vendem para o exterior. De 2009 para os primeiros seis meses de 2010, esse número caiu de 16.041 para 15.640.
O vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, diz que essa concentração é preocupante.
"Isso é ruim, ainda mais levando em conta que o país é um grande exportador de matérias-primas."
Além de as principais exportadoras atuarem no ramo de venda de commodities, outro fator colabora para que a competitividade no mercado externo fique restrita a grandes empresas.
"As companhias manufatureiras que conseguem exportar são aquelas que renovaram o parque industrial recentemente", afirma Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior).
(aspas)
Por : Mário Sérgio Lima, de Brasília, para o Jornal “Folha de S. Paulo”, 29/08/2010
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