terça-feira, 28 de setembro de 2010

Logística : Hamburg Süd divide cargas para agilizar processo em Santos

 

Além de parar de escalar alguns portos, a Hamburg Süd também opera com navios de menor capacidade em Santos em função do calado do canal de acesso do terminal.

"Essa medida já adotamos há algum tempo. Nós colocamos em dois navios cargas que poderiam ser movimentadas em uma embarcação, caso, o calado permitisse. Mas, com os investimentos em dragagem no porto, isso pode melhorar um pouco", afirmou o diretor-geral da empresa no Brasil, Julian Thomas.

O consultor e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Resende, acrescenta que mesmo com o "jeitinho" dado pelas empresas para conseguirem driblar as más condições de infraestrutura, o país corre sérios riscos de colapso, caso os investimentos públicos não sejam acelerados.

"O sistema portuário com todos os problemas de infraestrutura que existem não aguenta um crescimento econômico no patamar próximo a 5% por três a seis anos seguidos. O poder público tem que investir para que isso não aconteça. Se não o Brasil para", ressaltou Resende.

Segundo ele, mesmo com os recursos do PAC para a melhoria da infraestrutura portuária brasileira, o país estará preparado para a demanda atual e não para o crescimento que se prevê para os próximos anos.

Somente para a dragagem, o plano do governo estima que serão 78 milhões de metros cúbicos a serem retirados dos portos, mas isso, conforme Resende, não atenderia à demanda futura no país.

"É muito dinheiro que se necessita. Os projetos de dragagem, melhoria de acesso dos portos e terminais precisam ser mais alinhados entre governo e iniciativa privada para que possam realmente saírem do papel", afirmou o consultor da Dom Cabral.

Resende ressalta ainda que essa pouca participação do governo para a melhoria das condições portuárias fez com que a iniciativa privada criasse alternativas para atender a demanda.

"Quem tem dinheiro investe em terminais privados, como a Hamburg Süd, que terá um porto privado em Itapoá, em Santa Catarina. Isso pode melhorar um pouco, mas a demanda será tão forte que terá carga para todos os portos. Não vai aliviar aqueles locais que precisam de investimentos públicos."

(aspas)

Por : Ana Paula Machado, para o Portal “Brasil Econômico”, 23/09/10

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