terça-feira, 28 de setembro de 2010

Missão do Mercosul negocia livre comércio com Palestina

Uma delegação do Mercosul apresentou ontem aos palestinos uma proposta inicial para a negociação de um acordo de livre comércio.

A reunião em Ramallah (Cisjordânia) fez parte de um giro que inclui Jordânia e Síria, onde o bloco sul-americano também busca pactos comerciais.

As conversas reforçam o foco das parcerias comerciais do Mercosul no Oriente Médio. No mês passado, o bloco concluiu o acordo de livre-comércio com o Egito, o segundo firmado com um país de fora da América Latina, depois de Israel.

O próximo da lista deve ser a Jordânia, com a qual o Mercosul espera fechar um acordo até o fim do ano.

Segundo o embaixador brasileiro Evandro Didonet, que chefiou a delegação do Mercosul, toda a parte de texto do acordo com os jordanianos já foi concluída, mas ainda restam temas complexos como regras de origem e concessões para acesso ao mercados.

Por enquanto o plano de negociação com os palestinos é mais um gesto político que prático, pois a economia palestina depende totalmente de Israel, com quem o Mercosul já tem acordo.

Didonet, chefe de negociações internacionais do Itamaraty, disse que foi mantida uma "conversa exploratória" com os palestinos, na qual o bloco sul-americano apresentou um "acordo quadro", que estabelece o formato da negociação.

Assim que ele for assinado, começarão a ser discutidos os meandros do futuro acordo com a ANP (Autoridade Nacional Palestina).

E eles não são poucos, já que os palestinos vivem sob ocupação e sua economia é subordinada a Israel, sobretudo para importação e exportação. Os próprios negociadores admitem não dispor de números precisos do volume de comércio entre o bloco e os territórios palestinos, pois ele se confunde com as transações com Israel.

"Na prática, é um espaço aduaneiro único", afirma Didonet.

Apesar das dificuldades, Abdel Hafiz Nofal, vice-ministro da Economia palestino, estima o potencial do comércio entre o Mercosul e a ANP em US$ 200 milhões. O fluxo atual de comércio entre Israel e Mercosul é de US$ 2 bilhões.

Entre os produtos palestinos de exportação citados por Nofal, estão azeite de oliva, pedras e mármores, produtos farmacêuticos e cosméticos. Para importação, os palestinos mostraram interesse em carros, autopeças, açúcar, café e carnes.

De Ramallah, a delegação do Mercosul seguiu para a Síria, com a qual as negociações para um acordo de livre comércio também estão em estágio inicial. Na região estão em curso ainda conversas com Marrocos e países do golfo Pérsico.

(aspas)

Por : Marcelo Ninio, enviado especial a Ramallah, para o Jornal “Folha de S. Paulo”, 24/09/2010

 

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