terça-feira, 28 de setembro de 2010

BC anuncia mudanças no cálculo da Ptax a partir de julho de 2011

Atualmente, taxa é a média das cotações ponderadas pelo volume.

No novo sistema, Ptax sairá em quatro horários e desconsiderará volume.

Nova metodologia começa a valer somente em julho de 2011

O Banco Central anunciou nesta quinta-feira (23) que serão feitas mudanças no cálculo da Ptax, taxa divulgada atualmente no fim de cada dia, por volta das 17h30, com a média das cotações de compra de venda de dólares. No sistema atual, a média é ponderada pelo volume das operações, e serve de referência, principalmente, para liquidação dos contratos futuros de câmbio.

De acordo com o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, a nova metodologia de cálculo da Ptax, que começa a valer somente em julho de 2011, será semelhante ao cálculo da Libor - a taxa de juros do mercado londrino. Ou seja, haverá várias divulgações ao longo do dia. No caso da nova Ptax, serão feitas divulgações por volta das 10h, das 11h, das 12h e das 13h. Esta ultima divulgação também trará a média dos quatro eventos do dia.

"Eu diria que a PTAX vai ser mais real. A gente quer chegar o mais próximo possível do que é a taxa de mercado. Vai ser uma taxa que seja mais representativa e fidedigna do verdadeiro mercado naquele momento, do que ter uma média ponderada no fim do dia. O objetivo é ser mais transparente. A mudança não tem relação com o preço dos leilões do mercado à vista [de compra de dólares que o BC vem fazendo diariamente]", disse Aldo Mendes, do BC.

Uma das consequências da alteração, segundo Mendes, será uma maior concentração das operações na parte da manhã. "A gente vai trazer o mercado para mais cedo. Mas, quem quiser, também poderá continuar operando na parte da tarde", disse ele.

Acrescentou que outro resultado da mudança deverá ser o de conferir uma maior importância para o mercado à vista de câmbio. Atualmente, lembrou ele, o mercado futuro transaciona cerca de seis vezes o volume do mercado à vista, estimado em cerca de US$ 2 bilhões por dia.

"O mercado futuro ganha, pelo sistema atual, uma importância maior porque tem grande volume, e acaba influenciando o mercado à vista. É a história do rabo abanando o cachorro", declarou Mendes. De acordo com ele, o obejtivo da mudança também é tornar o mercado de câmbio mais semelhante do que acontece no resto do mundo, onde o mercado à vista tem volume parecido com o futuro.

Além disso, o diretor de Política Monetária explicou haverá mais transparência, e queda do risco, nas operações dos bancos. "Tem cliente que quer fazer operações com base na Ptax, que só é divulgada às 17h30. Até lá, o banco faz uma operação no mercado futuro para não correr o risco de perder dinheiro. A mudança facilitará a vida de todos agentes, que vão poder fechar na Ptax mais cedo", disse.

 

(aspas)

Por : Alexandro Martello, em Brasília, para o Portal “G1”, 23/09/2010

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