quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Brasil é lanterna entre os Brics em abertura econômica

Enquanto no país comércio com o exterior representa 24% do PIB, nos demais gigantes chega a ser mais que o dobro

 

Carga tributária, infraestrutura falha, câmbio e retomada do mercado interno travam exportação, diz analista

 

Iniciadas há 20 anos, as políticas de liberalização do comércio exterior proporcionaram avanços reconhecidos pelos analistas, mas ainda não produziram indicadores capazes de destacar o Brasil no panorama mundial.

"O resumo é que o Brasil ainda é uma economia muito fechada", diz Fernando Ribeiro, economista da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).

Basta a comparação com os demais países emergentes: no Sudeste Asiático, Malásia e Tailândia têm comércio superior ao PIB; os gigantes geográficos Rússia, Índia e China -que, com o Brasil, compõem a sigla Bric- ficam na faixa entre 40% e 60%. No Brasil, eram 24% em 2008.

O Chile, país latino-americano mais aberto, passava dos 76% em 2008.

Na argumentação de seus defensores, a abertura amplia o mercado, a rentabilidade, o acesso à tecnologia, a competitividade e os investimentos das empresas.

 

FECHAMENTO E CRISE

A economia fechada foi apontada como um dos fatores que evitaram uma crise maior no país no ano passado, mas economias mais abertas como a chinesa e a indiana também se saíram bem -ou melhor.

Nos últimos anos, a compra de produtos do exterior tem avançado com o aumento da renda e do consumo, mas as exportações enfrentam obstáculos conhecidos.

"O Brasil tem competitividade nas commodities [produtos básicos, como minério de ferro], mas a indústria de transformação tem perdido espaço no mercado internacional", afirma Rogério Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

 

OBSTÁCULOS

Carga tributária alta e infraestrutura deficiente, fora o câmbio, prejudicam os produtos brasileiros, aponta o economista. Mas, com a recuperação da economia internacional e a agenda de obras em andamento, as perspectivas para o futuro são, acredita, favoráveis.

Ribeiro aponta outro motivo para a estagnação das exportações: a recuperação do mercado interno a partir da metade da década. "Historicamente, exportação e mercado interno seguem trajetórias opostas: quando um sobe, o outro cai."

(aspas)

Fonte : Jornal “Folha de S. Paulo”, 29/08/2010

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