Valor Econômico
Por De São Paulo
Ao comprar carros de marcas novas, seja ou não pela força do marketing e guerra de preços das asiáticas, o brasileiro mostrou que não é fiel quando se trata de automóvel. Mas até agora ninguém explicou ao consumidor por que a regra do jogo sempre muda da noite para o dia. Não é de hoje que o brasileiro se espanta com mudanças súbitas. É provável até que os lançamentos de novos automóveis tenham, até hoje, causado no consumidor menos surpresas do que as mudanças nas regras de impostos.
O IPI foi o tributo mais usado para satisfazer interesses. O caso mais famoso é o do carro popular. Criado no governo de Itamar Franco, o incentivo fiscal nesse tipo de veículo recebeu uma série de ajustes para contentar a todos da indústria à época. Resiste até hoje e é por causa dele que mais da metade dos motoristas brasileiros dirige apenas carros com motor 1.0.
O Imposto de Importação sempre serviu para regular a entrada de carros estrangeiros. Nenhum governo escapou das ameaças das montadoras. Houve casos até de empresas que lotaram suas lojas com modelos importados só para chocar e mostrar ao governo sua insatisfação. Mas, desde a abertura do mercado, no início dos anos 90, depois da polêmica comparação dos carros brasileiros com "carroças", feita pelo então candidato a presidente Fernando Collor de Mello, essa é a primeira vez que a concorrência dos importados incomoda tanto a indústria.
As preocupações começaram há cerca de dois anos, com o aumento de vendas das coreanas Hyundai e Kia, estimuladas pela valorização do real e crise mundial. O quadro piorou com a chegada da chinesa JAC, que trouxe preços competitivos na linha de carros mais baratos, segmento até então dominado pela produção nacional.
Seja qual for o desfecho da polêmica em torno das novas medidas, o consumidor brasileiro já perdeu. Aquele que comprou o carro chinês e que passou o fim de semana ouvindo o deboche dos amigos, sequer sabe qual o valor de revenda de um produto que pode ter se transformado em mico. Mas o que debochou do amigo, que se arriscou com um novo importado, também perde, porque agora fica na mão de uma indústria protegida. (MO)
Por De São Paulo
Ao comprar carros de marcas novas, seja ou não pela força do marketing e guerra de preços das asiáticas, o brasileiro mostrou que não é fiel quando se trata de automóvel. Mas até agora ninguém explicou ao consumidor por que a regra do jogo sempre muda da noite para o dia. Não é de hoje que o brasileiro se espanta com mudanças súbitas. É provável até que os lançamentos de novos automóveis tenham, até hoje, causado no consumidor menos surpresas do que as mudanças nas regras de impostos.
O IPI foi o tributo mais usado para satisfazer interesses. O caso mais famoso é o do carro popular. Criado no governo de Itamar Franco, o incentivo fiscal nesse tipo de veículo recebeu uma série de ajustes para contentar a todos da indústria à época. Resiste até hoje e é por causa dele que mais da metade dos motoristas brasileiros dirige apenas carros com motor 1.0.
O Imposto de Importação sempre serviu para regular a entrada de carros estrangeiros. Nenhum governo escapou das ameaças das montadoras. Houve casos até de empresas que lotaram suas lojas com modelos importados só para chocar e mostrar ao governo sua insatisfação. Mas, desde a abertura do mercado, no início dos anos 90, depois da polêmica comparação dos carros brasileiros com "carroças", feita pelo então candidato a presidente Fernando Collor de Mello, essa é a primeira vez que a concorrência dos importados incomoda tanto a indústria.
As preocupações começaram há cerca de dois anos, com o aumento de vendas das coreanas Hyundai e Kia, estimuladas pela valorização do real e crise mundial. O quadro piorou com a chegada da chinesa JAC, que trouxe preços competitivos na linha de carros mais baratos, segmento até então dominado pela produção nacional.
Seja qual for o desfecho da polêmica em torno das novas medidas, o consumidor brasileiro já perdeu. Aquele que comprou o carro chinês e que passou o fim de semana ouvindo o deboche dos amigos, sequer sabe qual o valor de revenda de um produto que pode ter se transformado em mico. Mas o que debochou do amigo, que se arriscou com um novo importado, também perde, porque agora fica na mão de uma indústria protegida. (MO)
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