O mercado consumidor brasileiro continua a pressionar a oferta de produtos e serviços. Neste ano, as importações ganharam força com a cotação baixa do dólar, por volta de R$ 1,60, e a grande demanda criada pela nova classe média. Com o agravamento da crise internacional, a busca por títulos americanos, considerados um refúgio contra o risco do mercado financeiro, alçou o dólar a R$ 1,71. Porém, mesmo com a desvalorização de 7% do real, os importadores não perdem o ímpeto de inundar o mercado interno com produtos estrangeiros.
Consultadas, algumas associações de importadores entendem que a alta do dólar é passageira e que a quantidade de manufaturados trazidos do exterior em um futuro próximo não se alterará. A análise se mostra pertinente principalmente frente ao consumo de produtos populares, como utilidades domésticas, eletroeletrônicos, ferramentas, brinquedos e artigos esportivos. Gilberto Braga, professor do Ibmec, indica que ao prepararem-se para as festas de final de ano, comerciantes antecipam suas compras em até seis meses para garantir a oferta nos últimos meses. "O consumo está abastecido, mas os bens de capital podem ser afetados mais rapidamente com a alta do dólar", diz Braga.
Os economistas consultados pelas entidades sugerem que após a resolução do teorema criado pela dívida grega, a moeda norte-americana voltará a se desvalorizar. Para Gilberto Braga, essa é uma visão otimista, e caso a solução não venha de imediato, o cenário de desvalorização do real pode se confirmar durante o ano de 2012. "Tecnicamente, a Grécia não se sustenta mais de forma autônoma e seu dinheiro acaba em outubro", lembra o professor.
Para o final deste ano, Sidnei Moura Nehme, diretor executivo da NGO Corretora, entende que o real não conseguirá grande desvalorização devido a investimentos já contratados. "Existem US$ 14 bilhões em posição vendida no mercado", alerta Nehme. Assim que as opções de compra puderem ser exercidas, o montante forçará a cotação da moeda voltar aos patamares de meses antes.
Rita Mundin, professora da Fundação Dom Cabral, corrobora com o pensamento de Nehme. De acordo com Mundin, o Brasil possui dois bolsões de seguro contra desvalorização. "As altas reservas e as taxas de juros farão o dólar ceder novamente", analisa. "Infelizmente, as importações não serão afetadas agora", diz ao lamentar sobre os problemas enfrentados pelos exportadores. "Todas nossas commodities saem com desconto devido ao câmbio. Além disso, temos um processo inflacionário que prejudica o empresário voltado à exportação", explica.
2012
Caso a situação crítica proposta por Braga se torne real no ano seguinte, o aumento dos produtos importados poderia pressionar a inflação para níveis acima dos atuais. Porém, Altamiro Carvalho, assessor econômico da Federação dos Comerciantes do Estado de São Paulo (Fecomércio), desmente a tese. "A partir de 1999 tivemos uma desvalorização de 70% e o repasse para a população foi mínimo", diz. Segundo o assessor, somente o valor nominal da moeda não influencia os preços praticados no mercado, é preciso grandes variações. "Oscilações abruptas geram incertezas na formação dos preços", explica Carvalho. Os desacordos quanto ao preço pago pelo importador podem travar remessas de produtos que chegam a demorar meses para entrar no País.
Os economistas frisam que as cotações não deverão se alterar até o final deste ano, porém, no seguinte, turbulências podem ser enfrentadas pelos importadores. De acordo com Carvalho, o comércio nacional opera com altos estoques, principalmente no setor de eletrônicos. "Há uma folga para reduzir as importações. Mas 2012 é uma situação complexa e difícil de ser prevista", diz.
O mercado agora espera por notícias apontando para soluções para a crise na Grécia. Por mais que a União Europeia, capitaneadas por Alemanha e França, queiram que o problema se resolva, dificilmente isso acontecerá até o final deste ano.
Os bancos dos dois países detêm cerca de 70% da dívida grega, porém, o pacote de salvamento a ser aprovado pelo Banco Central Europeu não será suficiente para quitar os débitos. Será necessário renegociar as pendências.
Segundo Sidnei Moura Nehme, outro agravante é que muitos dos bancos financiadores desta dívida são financiados por outros bancos; estes, americanos. "Eles estão vigiando os europeus. Estas companhias agora estão com caixas líquidos e buscando segurança", afirma.
(aspas)
Fonte : Jornal DCI 14/09/2011
Consultadas, algumas associações de importadores entendem que a alta do dólar é passageira e que a quantidade de manufaturados trazidos do exterior em um futuro próximo não se alterará. A análise se mostra pertinente principalmente frente ao consumo de produtos populares, como utilidades domésticas, eletroeletrônicos, ferramentas, brinquedos e artigos esportivos. Gilberto Braga, professor do Ibmec, indica que ao prepararem-se para as festas de final de ano, comerciantes antecipam suas compras em até seis meses para garantir a oferta nos últimos meses. "O consumo está abastecido, mas os bens de capital podem ser afetados mais rapidamente com a alta do dólar", diz Braga.
Os economistas consultados pelas entidades sugerem que após a resolução do teorema criado pela dívida grega, a moeda norte-americana voltará a se desvalorizar. Para Gilberto Braga, essa é uma visão otimista, e caso a solução não venha de imediato, o cenário de desvalorização do real pode se confirmar durante o ano de 2012. "Tecnicamente, a Grécia não se sustenta mais de forma autônoma e seu dinheiro acaba em outubro", lembra o professor.
Para o final deste ano, Sidnei Moura Nehme, diretor executivo da NGO Corretora, entende que o real não conseguirá grande desvalorização devido a investimentos já contratados. "Existem US$ 14 bilhões em posição vendida no mercado", alerta Nehme. Assim que as opções de compra puderem ser exercidas, o montante forçará a cotação da moeda voltar aos patamares de meses antes.
Rita Mundin, professora da Fundação Dom Cabral, corrobora com o pensamento de Nehme. De acordo com Mundin, o Brasil possui dois bolsões de seguro contra desvalorização. "As altas reservas e as taxas de juros farão o dólar ceder novamente", analisa. "Infelizmente, as importações não serão afetadas agora", diz ao lamentar sobre os problemas enfrentados pelos exportadores. "Todas nossas commodities saem com desconto devido ao câmbio. Além disso, temos um processo inflacionário que prejudica o empresário voltado à exportação", explica.
2012
Caso a situação crítica proposta por Braga se torne real no ano seguinte, o aumento dos produtos importados poderia pressionar a inflação para níveis acima dos atuais. Porém, Altamiro Carvalho, assessor econômico da Federação dos Comerciantes do Estado de São Paulo (Fecomércio), desmente a tese. "A partir de 1999 tivemos uma desvalorização de 70% e o repasse para a população foi mínimo", diz. Segundo o assessor, somente o valor nominal da moeda não influencia os preços praticados no mercado, é preciso grandes variações. "Oscilações abruptas geram incertezas na formação dos preços", explica Carvalho. Os desacordos quanto ao preço pago pelo importador podem travar remessas de produtos que chegam a demorar meses para entrar no País.
Os economistas frisam que as cotações não deverão se alterar até o final deste ano, porém, no seguinte, turbulências podem ser enfrentadas pelos importadores. De acordo com Carvalho, o comércio nacional opera com altos estoques, principalmente no setor de eletrônicos. "Há uma folga para reduzir as importações. Mas 2012 é uma situação complexa e difícil de ser prevista", diz.
O mercado agora espera por notícias apontando para soluções para a crise na Grécia. Por mais que a União Europeia, capitaneadas por Alemanha e França, queiram que o problema se resolva, dificilmente isso acontecerá até o final deste ano.
Os bancos dos dois países detêm cerca de 70% da dívida grega, porém, o pacote de salvamento a ser aprovado pelo Banco Central Europeu não será suficiente para quitar os débitos. Será necessário renegociar as pendências.
Segundo Sidnei Moura Nehme, outro agravante é que muitos dos bancos financiadores desta dívida são financiados por outros bancos; estes, americanos. "Eles estão vigiando os europeus. Estas companhias agora estão com caixas líquidos e buscando segurança", afirma.
(aspas)
Fonte : Jornal DCI 14/09/2011
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