Acompanhando o noticiário e expectativas dos últimos anos, temos sempre visto o Porto de Santos ser colocado como um hub port natural para a América do Sul. Essa é uma situação dita absolutamente inevitável e quase ninguém consegue pensar em outra coisa e que isso possa não ocorrer.
Cá de nosso lado, que torcemos muito por isso, e queremos ver Santos como hub port, já não vemos a coisa tão natural assim como víamos em 1997. Nessa ocasião escrevemos um artigo dizendo que a América do Sul teria dois hub ports, a dupla SS, Santos e Suape.
Por isso, ficamos absolutamente impressionados com a reação causada quando na primeira quinzena de Novembro/03, numa entrevista em que participamos na TV Santa Cecília, de Santos, colocamos essa nossa preocupação. A surpresa de nosso entrevistador foi externada no ato e levada ao ar, e até nos surpreendemos com o susto que ele levou com a nossa colocação, aparentemente uma novidade inesperada.
Nos disse, após a entrevista, que todos diziam que Santos era um hub port natural, e que a nossa era uma voz dissonante e soava como um alerta muito sério e que deveria ser considerado. Quem assistiu ao programa pode sentir isso.
O que nos levava a acreditar nisso, e que Santos não teria uma situação tão garantida assim como um porto concentrador de carga?
Temos visto, e não é de desconhecimento de ninguém, que há em atividade diversos navios com capacidades variando entre 5.000 e 11.000 TEU - twenty feet or equivalent unit (unidade de vinte pés ou equivalente). Um TEU é uma unidade de 20 pés (6,09 m), que foi escolhida como unidade-padrão, e que serve para medições.
O que isso quer dizer e qual a relação com o porto de Santos? É simples, já que parece haver uma unanimidade quanto a Santos não ter condições para receber navios com essa capacidade. São navios que necessitam de 15/16 metros de profundidade.
Os diversos terminais de containers de Santos possuem profundidades de no máximo, segundo sabido, 13,0 metros. Isso não é suficiente para receber navios de grade porte como os mencionados, básicos para uma situação de hub port pelos padrões atuais.
Até pouco tempo não vínhamos sentindo muita ação pelas nossas autoridades portuárias, a não ser pequenas dragagens, insuficientes para tornar Santos um hub port, em que a situação mais promissora seria de feeder port, chova ou faça sol.
É preciso um esforço de dragagem muito grande para adaptar o Porto de Santos a uma situação de porto concentrador de cargas, e sabemos que essa é uma situação muito difícil. Temos visto dragagens sendo feitas, embora com paralisações de tempos em tempos, o que dizem que agora não ocorrerá mais e que o porto será dragado nos próximos anos até atingir 15/17 metros de profundiade.
Será que temos recursos para a dragagem? Será possível levar, ao menos alguns berços, a essa profundidade agora desejada? E não esqueçamos que isso é apenas uma parte do problema, e que as perimetrais do porto precisam ser construídas.
Caso Santos não adquira as condições mínimas para ser um porto concentrador de cargas, quais as conseqüências para essa pujante cidade de nosso litoral dentro de algum tempo, digamos 5 ou 10 anos? Quem responderá pelos seus problemas de emprego e crescimento?
Samir Keedi
Professor de graduação e pós-graduação e autor, entre outros, dos livros “Transportes, unitização e seguros internacionais de carga” e “Logística de transporte internacional” e tradutor do “Incoterms 2000” para o Brasil
e-mail: samir@aduaneiras.com
Um comentário:
Para Santos se tornar um HUB PORT e necesssario investimentos desde seu mercado consumidor 'construção de pelo menos duas rodovias ligando ao planalto uma ligação pode ser a estrada da banana e outra ligando o guaruja ao grande ABCD e no mesmo sentido duas ferrovias e mais uma ligando o guaruja ao porto de São Sebastiao e construção de novos terminais em direção do oceano 'como nobara ,pouca farinha e praia do goes a ilha das palmas . Esses investimentos sim poderão tornar Santos um hubport mas alem de ideias temos que aprender com os erros e acertos dos Hub ports existentes.
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