BRASÍLIA (Reuters) - A preocupação do governo Dilma Rousseff com a corrente de comércio exterior e o impacto no saldo comercial é crescente e motivou estudos de medidas para conter importações classificadas como "desnecessárias" e aumentar o controle sobre importações fraudulentas, disseram fontes da área econômica nesta terça-feira.
O real sobrevalorizado ante outras moedas, em meio ao cenário global que alguns têm chamado de "guerra cambial", parece ter entrado definitivamente na agenda de Brasília. Na semana passada, fontes do Itamaraty disseram que o país elevará ações na Organização Mundial do Comércio para enfrentar medidas de outros países como subsídios setoriais e barreiras aos produtos brasileiros.
Uma das fontes que comentaram nesta terça-feira que medidas estão em análise, ligada ao setor de comércio exterior, admitiu que a atuação sobre as importações, que estão em ritmo crescente, devido ao dólar depreciado frente ao real, será um dos pontos centrais da estratégia do governo para manter superavitária a balança comercial.
Segundo essa fonte, será adotada uma política mais forte para proteger a indústria brasileira de "competições que não sejam justas".
"Vamos identificar produtos que sofram com a concorrência desleal", afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada.
Para isso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) terá que dar respostas na "velocidade do setor privado", acrescentou, sem dar detalhes sobre as eventuais medidas.
Ainda no primeiro semestre, Dilma deve se reunir com os mandatários da China, Hu Jintao, e dos Estados Unidos, Barack Obama, e o comércio será um dos principais tópicos de negociação. O Brasil tem grande preocupação com a escalada dos produtos chineses na economia doméstica.
Estímulo
Além disso, o governo estuda e deve apresentar nas próximas semanas um conjunto de medidas de estímulo ao setor produtivo.
Uma outra fonte do governo envolvida na elaboração desse pacote e que pediu para não ser identificada disse à Reuters que isso "está em gestação" e que os estudos são no sentido da "racionalização tributária para dar mais competitividade".
Essa fonte citou como exemplo a desoneração da folha de pagamento, que pode estimular a criação de empregos e tirar um pouco o peso dos impostos sobre as empresas.
A fonte ligada à área de comércio exterior comentou também que é "fundamental que se ganhe velocidade na liberação de financiamentos" para o setor produtivo, em especial para as indústrias de "bens de capital".
Segundo esse membro do governo, o diagnóstico da balança comercial brasileira mostra que o superavit de pouco mais de US$ 20 bilhões se deve principalmente ao aumento de preço de "quatro ou cinco commodities" e que os produtos industriais estão perdendo competitividade. "Temos que fazer o que pudermos para ajudar no saldo (comercial)", analisou.
(aspas)
Por : Jeferson Ribeiro, para a Reuters, 25/01/2011
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