quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Colômbia negocia sua adesão ao Mercosul

 

Diplomata diz que convite foi feito pelo Brasil em conversa informal

 

Interes se partiu de Bogotá no dia da posse da presidente Dilma Rousseff, acompanhada pelo líder colombiano

 

Os governos do Brasil e da Colômbia iniciaram conversas para que Bogotá ingresse no Mercosul. O objetivo de atrair mais um parceiro é fortalecer o bloco econômico.

Diplomatas brasileiros admitem que, no futuro, outros países da América do Sul deverão ser convidados a aderir como integrantes permanentes.

Os próximos alvos podem ser Chile, Peru e Bolívia.

O diplomata colombiano Sérgio Díaz disse que a Colômbia foi convidada pelo governo brasileiro a ingressar no grupo em uma conversa informal.

Segundo ele, o país aguarda o pedido ser formalizado pelos par ceiros.

Atualmente, o Paraguai ocupa a presidência do bloco, por isso deve partir deste país o convite formal.

"A Colômbia conhece o interesse do Brasil de que o nosso país ingresse no Mercosul. Recebemos [o convite] com muita honra.

Esperamos que o processo se oficialize pelo Mercosul", disse Díaz.

Díaz afirmou ainda que a Colômbia precisa fazer consultas políticas e econômicas internas antes de decidir aderir ao Mercosul.

A entrada no bloco econômico vai obrigar o país a adotar as mesmas tarifas aduaneiras e regras de comércio do grupo.

O ingresso da Colômbia poderá ser nos mesmos moldes propostos para a Venezuela, que irá aderir aos poucos às regras do tratado.

Um possível empecilho é o de que os venezuelanos teriam que aprovar a entrada do país vizinho.

Embora as relações entre os países tenham melhorado desde a saída de Álvaro Uribe do poder na Colômbia, ainda não estão normalizadas.

Diplomatas disseram à Folha que a conversa ocorreu no dia da posse da presidente Dilma Rousseff, em 1º de janeiro, na qual estava presente o mandatário colombiano, Juan Manuel Santos.

Um diplomata disse que foi o governo da Colômbia que manifestou interesse de ingressar no bloco, o que foi recebido positivamente pelo novo governo brasileiro.

Como não houve um convite oficial, o Itamaraty não confirma a informação.

Segundo a Folha apurou, a avaliação do Itamaraty é a de que o Mercosul tem potencial para ser um bloco econômico de toda a América do Sul.

Com essa classificação, não seria um concorrente da Unasul, que faz o papel de união política da região.

O Mercosul, porém, frequentemente é criticado como um tratado sem força no cenário internacional.

No Brasil, os críticos dizem que a união aduaneira é um entrave para as negociações comerciais com outros países.

O secretário de Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey, disse que a adesão de novos países fortalece o bloco e o comércio da região.

"É uma boa notícia se você cria um clube em que todos querem entrar", disse Cozendey, que não está envolvido na conversa com Bogotá.

 

(aspas)

 

 

Por : Juliana Rocha, de Brasília, para o Jornal “Folha de S. Paulo”, 20/01/2011

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