terça-feira, 25 de outubro de 2011

Admiração pelo Brasil não impede protecionismo

 "O mais grande do mundo!" Essa é a expressão em português carregada de sotaque que sai da boca do argentino para referir-se, com admiração, a qualquer assunto relativo ao Brasil. "Ah, o BNDES e a Fiesp, o maior (país) do mundo", disse um empresário brasileiro ao Estado recentemente, sugerindo inveja pelas instituições, sem paralelos na Argentina.

A própria presidente Cristina Kirchner, há dois anos, durante uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, usou esse chavão para declarar seu fascínio: "Acho fantástico o orgulho dos brasileiros, que se referem assim, "o mais grande do mundo"! Isso mostra o orgulho que eles têm". Cristina é uma fã declarada da Embraer, empresa que cita em discursos como "exemplo a seguir". No domingo, após agradecer pelos cumprimentos dos presidentes sul-americanos, destacou a "companheira presidente Dilma".

A oposição também declara fervor pelo Brasil. "Vocês têm instituições sólidas, uma classe política articulada", afirmou ao Estado o deputado federal Francisco De Narváez, do peronismo dissidente. O Brasil é presença constante na mídia, nas exposições de arte nos museus e galerias portenhas.

Mas também existe preocupação pelo andamento da economia do Brasil, cujo mercado absorve 25% das exportações argentinas. Alguns setores são altamente dependentes do mercado brasileiro, como o automotivo, que destina ao Brasil 85% de suas vendas ao exterior. Apesar da admiração pelo Brasil, o governo argentino não poupou o sócio de uma série de medidas protecionistas, que criaram os mais diversos tipos de barreiras sobre mais de 25% das vendas brasileiras para a Argentina. A expectativa é que, agora, os dois governos retomem as negociações.



(aspas)

Por : Ariel Palácios, Jornal "O Estado de S. Paulo" 25/10/2011

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