A indústria têxtil é um dos setores que mais se ressentem com a concorrência dos importados. Por conta do prejuízo que os polos industriais do setor amargam, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) não descarta a possibilidade de entrar com ação judicial contra os programas de incentivo às importações, entre eles, o Pró-Emprego.
O diretor superintendente da Abit, Fernando Pimentel, diz que a entidade é “frontalmente contrária” aos programas de incentivo, com destaque para o de Santa Catarina, que chama de “Pró-Emprego na China”.
– É natural que os estados tentem atrair investimentos, mas não gerando emprego para os chineses e tirando competitividade da nossa indústria. Nós podemos caminhar no sentido de uma ação de judicial para frear o que consideramos uma lógica fiscal perversa. Como se não bastasse a queda, ainda vem o coice – diz, comentando que o câmbio já prejudica o setor e os programas de incentivo acentuam as perdas.
Dados da Abit apontam que o crescimento de importações de têxteis pelos portos de SC passa de 100% de 2009 para 2010, enquanto a importação que ficou no Estado aumentou só 41% no período. Isso significa que a maior parte dos produtos apenas entrou por Santa Catarina, mas foi parar em outros estados, acarretando maior desgaste nas rodovias e na logística de transporte do país.
Segundo Pimentel, a entidade já participou de três reuniões do Conselho Nacional de Administração Fazendária (Confaz) para tentar demonstrar a falta de lógica dos estados em atraírem importações para movimentarem seus os portos.
A posição da Abit não encontra respaldo no Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau e Região (Sintex). O presidente do Sintex, Ulrich Kuhn, discorda que o programa seja prejudicial para o Estado.
– Enquanto existir incentivos em outros estados, acho válido que Santa Catarina tenha também. Se não for importado por aqui, vai entrar de qualquer jeito no país. Os nossos portos são extremamente eficientes e o programa ajudou a cadeia logística da região toda. As empresas estão sofrendo pela fragilidade da questão cambial e não por causa dos programas de incentivo. O buraco é mais embaixo – alerta.
Kuhn defende que as empresas brasileiras não reclamem das importações e sim do fato de que não estão conseguindo exportar.
– O governo federal deveria ter uma política cambial eficiente ao invés de ficar tentando acabar com o Pró-Emprego, que fez Santa Catarina melhorar sua logística e permitiu que as empresas que investem e geram empregos no Estado sejam mais competitivas – avalia.
(aspas)
Fonte : Jornal “Diário Catarinense”, 13/10/2010
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