Além dos armadores, outro elo importante da cadeia do transporte marítimo está atento para o crescimento da movimentação das chamadas cargas de projeto: os operadores logísticos, responsáveis por cuidar do transporte e providências fiscais depois que a carga é desembarcada (no caso da importação) ou quando segue para o navio (na exportação).
Empresas que tradicionalmente davam prioridade aos serviços regulares de contêineres estão agora apostando em departamentos específicos para esse tipo de operação.
É o caso da Damco - braço logístico do grupo multinacional A.P. Moller-Maersk -, cuja divisão dedicada a projetos foi criada em abril e já representa quase 12% do faturamento da empresa.
"Antes do departamento tínhamos uma carga de projeto a cada três meses. Hoje, temos a todo momento, numa média de duas por mês", diz o diretor comercial da Damco no Brasil, Marcelo Vitorino.
No fim de setembro, teve início o embarque na Itália de nove iates com previsão de chegar ao Brasil no dia 22. Serão descarregados no complexo portuário de Itajaí (SC). É o primeiro agenciamento que a Damco faz desse tipo de carga para recreio. "É interessante porque de certa forma indica que o brasileiro está conseguindo comprar esse tipo de bem."
Outro operador logístico que está apostando no setor é a divisão brasileira da MAC Logistic, que criou a MAC Project também neste ano. Até então, o setor representava cerca de 10% dos negócios da empresa especializada no serviço porta a porta. Depois da criação do braço exclusivo, o percentual saltará para 40% - sendo 60% desse universo relativo à área de óleo e gás, estima o diretor Rodrigo Carreiro.
O principal desafio para quem atua nesse segmento continua sendo a infraestrutura dos portos. Há falta de espaço físico nos portos brasileiros para esse tipo de atividade, poucas janelas de atração para navios de porte tão grande e não existem embarcações de bandeira nacional capazes de realizar a cabotagem (navegação entre portos do mesmo pais).
Muitas vezes, nesse caso, os clientes recorrem aos navios estrangeiros, que recebem autorização especial da Antaq, para fazer a cabotagem. É o caso da alemã Beluga, que recentemente levou parte de um lote de nove pás eólicas (cada pá mede 39 metros) do porto de Santos para o Nordeste por falta de navios de cabotagem nacionais.
(aspas)
Fonte : Jornal “Valor Econômico”, 15/10/2010
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