A tarifa brasileira sobre a importação de vestuário é uma das mais altas do mundo, segundo dados da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A alíquota média do Brasil é mais que o triplo das cobradas na União Europeia e nos EUA. E mais que o dobro da chinesa.
Mas a indústria doméstica diz que, com a queda do dólar, essas tarifas, estabelecidas em 2007 -primeiro ano da China na OMC-, foram "corroídas".
Situação que, na avaliação da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), agrava-se considerando a "concorrência desleal" com produtos vindos principalmente da Ásia.
"Não podemos aceitar a concorrência de produtos de países que depreciam artificialmente a moeda e não têm legislação trabalhista", diz Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit.
Lia Valls Pereira, pesquisadora do Ibre/FGV, destaca que, para a indústria têxtil brasileira, o dólar fraco, que favorece importações, e a concorrência chinesa, com custos de produção muito baixos, são entraves importantes.
E diz que proteção de mercado não é peculiar só ao Brasil. "O setor têxtil, principalmente, é protegido no mundo todo."
Círculo vicioso
Já Dirck Michael Boehe, professor e pesquisador do Insper, é enfático: "Proteção não combate o problema, só os sintomas".
E afirma que o protecionismo pode até gerar um círculo vicioso.
"Leva a aumento de preços no país e, consequentemente, a inflação; a alta de juros como reação do governo; a mais queda do dólar porque juros altos atraem capital estrangeiro; e novamente a reivindicação da indústria por mais proteção", diz.
Ainda na avaliação de Boehe, o que funciona são medidas como estímulo ao financiamento do setor produtivo e redução de impostos.
"E, com a consolidação dos pequenos produtores, a indústria da moda ganha escala para inovar processos e até se internacionalizar." (CM)
(aspas)
Fonte : Jornal “Folha de São Paulo”, domingo, 30/01/2011
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