segunda-feira, 27 de julho de 2009

Concorrência chinesa é "tímida", diz Funcex


A venda de produtos made in China no Brasil triplicou desde 2003, mas a participação no consumo nacional ainda é de apenas 2%
A "invasão chinesa" provoca muita gritaria entre os empresários, mas ainda é silenciosa. Os produtos vindos da China representam apenas 2,2% do que os brasileiros - pessoas físicas e empresas - consomem, revela levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).Mesmo em setores que reclamam da concorrência asiática e solicitam proteção ao governo, a participação da China no consumo não é representativa. Em 2008, os chineses responderam por 5,4% dos tecidos, 3,3% das roupas e 3,7% do couro e calçados adquiridos no Brasil."Ainda é uma invasão comportada", reconhece José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior. "Mas dizem no interior que é preciso ter medo do rastro da onça."O "rastro" dos chineses na economia do Brasil é nítido. Os dados da Funcex apontam que, apesar de pouco expressiva, a fatia da China no consumo cresceu 214% desde 2003, primeiro ano do governo Lula.Naquele ano, época em que os dois países se aproximaram e a China intensificou a conquista dos mercados internacionais, os produtos chineses representavam 0,7% do consumo brasileiro. Retrocedendo um pouco mais, em 1999, a fatia do país asiático na economia brasileira era insignificante: 0,3%.Segundo Fernando Ribeiro, economista da Funcex, a indústria de têxteis e calçados resiste porque é forte e pulverizada no País. Além disso, as tarifas de importação estão em 35%, o máximo consolidado pelo Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC)."Quando você olha o detalhe, é que vê o tamanho do estrago", diz Fernando Pimentel, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Ele explica que a invasão chinesa é "devastadora" em alguns produtos, como jaquetas e bermudas sintéticas, e que o crescimento das importações é "explosivo". O contrabando não é contabilizado nas estatísticas.O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria Calçadista (Abicalçados), Heitor Klein, também defende que é preciso "segmentar os dados". Segundo ele, o Brasil produz 800 pares de calçados por ano, mas metade são chinelos, que não sofrem concorrência de importados. Outros 150 milhões de pares são exportados.Pelos seus cálculos, a indústria nacional vendeu 250 milhões de pares de sapatos no mercado interno, e vieram 39,3 milhões de pares da China. "O governo não pode tomar providência só quando o setor estiver liquidado", diz Klein. A Abicalçados solicitou tarifas antidumping contra os chineses.Segundo Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel), as importações de móveis da China, principalmente para escritórios, aumentaram 86%, de US$ 36 milhões em 2005 para US$ 67 milhões em 2008. O produto chinês chega ao Brasil, em média, 20% a 30% mais barato."Chamar a entrada de produtos chineses de invasão é uma manobra política para obter protecionismo", critica Rodrigo Maciel, diretor executivo do Conselho Empresarial Brasil - China. Ele argumenta que a maioria dos produtos importados na China não são bens de consumo, mas insumos para a indústria e bens de capital.PRODUTOS INTENSIVOS
Os especialistas em comércio exterior alertam para o crescimento dos chineses em produtos intensivos em tecnologia, como máquinas, aço e autopeças. A participação das máquinas chinesas não é expressiva no País, mas cresceu nos últimos anos, deslocando fabricantes nacionais e de outros países. Em 2003, as máquinas chinesas representavam 0,6% do consumo. Em 2008, chegaram a 4,1%. No mesmo período, a fatia das máquinas importadas oscilou em torno de 30%."Há muitas empresas deixando de produzir aqui e importando da China", diz Nelson Deduque, diretor de mercado externo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O país é o quarto maior fornecedor de produtos ao Brasil, atrás dos EUA, Alemanha e Japão. No mercado de reposição de autopeças, 2% do que é vendido no País vem da China, calcula Antonio Carlos Bento, do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). Nos dois últimos anos, 30% do que foi importado no segmento veio do país asiático.A Sogefi, fabricante de buzinas, perdeu 15 mil unidades de um total de 50 mil que fornecia mensalmente para revendedores. "Importadores independentes estão trazendo o produto da China", conta Mário Milani, presidente da empresa.Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), diz que o aço chinês chega ao Brasil a preços que não cobrem os custos da produção local. Segundo ele, a importação de aço representa 15% do consumo brasileiro, ante uma média histórica de 5%. A China, que respondia por 17,8% das importações em 2008, hoje participa com 25%

Invasão já ameaça setor eletroeletronico
Importados da China respondem por 20% do consumo nacional e muitos produtos deixaram de ser fabricados
Os eletroeletrônicos são os mais prejudicados pela concorrência da China. A fatia do gigante asiático no consumo chega a 20%, enquanto nos demais setores da economia não supera 5%. Especialistas em comércio exterior avaliam que, neste caso, o avanço chinês pode ser considerado uma “invasão”.No ano passado, a China respondeu por 22,6% das máquinas para escritório e informática, 19,7% do material eletrônico e de comunicações e 18,7% dos equipamentos médico-hospitalares e de automação industrial consumidos pelo Brasil.“São três setores em que apenas um país representa 20% do total do consumo brasileiro. É muita coisa”, diz Fernando Ribeiro, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).“Os componentes eletrônicos brasileiros praticamente desapareceram do mercado. É natural uma maior presença da China, porque houve uma transferência maciça de fábricas americanas e europeias para a Ásia”, explica Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).Para Ribeiro, os dados evidenciam que, no setor eletroeletrônico, o impacto da China foi mais significativo para os fornecedores de outras origens do que para os nacionais.Entre 2003 e 2008, a presença da China no consumo de máquinas para escritório e informática saiu de 6,3% para 22,6%, ou seja, uma alta de 259%. No entanto, a participação total das importações no consumo desses produtos oscilou de 40,8% para 41,8% no período.Em material eletrônico e de comunicações, a situação é parecida. Enquanto a presença da China no consumo nacional subiu 234% entre 2003 e 2008, o avanço da fatia total dos importados foi de 19,9%.Empresários do setor contam que, por muitos anos, a participação da China se restringia à compra de componentes para complementar a linha de produção. Mas, a partir de 2005, as empresas passaram a trazer produtos acabados, promovendo um deslocamento de produção e o fim da montagem local de itens como rádios e gravadores portáteis.“Não há mais nenhum rádio feito no Brasil”, confirma Barbato, da Abinee. Ele admite que, num primeiro momento, as empresas trazem peças para montagem local, mas, com o desequilíbrio cambial, podem partir para a importação de produtos acabados.Mario Sergio Amarante Filho, gerente de vendas e marketing da multinacional austríaca Kraus & Naimer, fabricante de chaves comutadoras elétricas em Cotia (SP), diz que o produto chinês chega ao País entre 40% a 50% mais barato que o nacional. Além dos custos mais em conta, as fabricantes nacionais dizem que enfrentam também a pirataria.“Não é só questão de câmbio”, diz Amarante . “Representantes de empresas chinesas pesquisam e fotografam nossos produtos e depois os copiam, sem gastar nada em desenvolvimento”, conta. As chaves comutadoras elétricas são usadas em equipamentos de distribuição de energia.
(aspas)
por Raquel Landim e Cleide Silva para o Jornal “O Estado de São Paulo”, edição de 27/07/2009
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