sexta-feira, 7 de março de 2008

Glifosato chinês custa 50% mais no Brasil

O glifosato (herbicida) importado da China chega ao mercado brasileiro 50% mais caro do que o produto fabricado no País e não mais barato, como se imaginava. Estudo exclusivo da Allier Brasil Consulting mostra que o litro desse produto já formulado, envasado e rotulado custa na indústria entre US$ 9 e US$ 9,60, enquanto que o produzido no Brasil vale, no varejo, entre US$ 6 e US$ 6,50. Mesmo se for retirada a tarifa de importação antidumping - de 11,7% - o produto da China continua em desvantagem, com um custo final no Brasil de US$ 8,50 por litro. "Essa proteção antidumping não tem significado de existir", avalia Flávio Hirata, diretor da Allier.

O cálculo da consultoria considerou os preços atuais do glifosato (produto técnico) na China que neste mês estão em US$ 14 o quilo, quatro vezes mais que em janeiro de 2007 (US$ 3,50). A partir desse valor, explica Hirata, foram contabilizados os custos da taxa de importação de 11,7%, de seguro, frete marítimo, frete do porto brasileiro até a fábrica, além de embalagem e rótulo, além da ponderação do produto formulado, que é feito com 48% do produto técnico. "Ainda não colocamos em cima desse valor a margem de revenda que fica entre 15% a 17%", acrescenta.

A medida antidumping contra o glifosato entrou em vigor em 7 de fevereiro de 2003 no valor de 35,8% e tem como a principal beneficiária a multinacional Monsanto, principal fabricante desse produto no País. Em 22 de fevereiro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) publicou resolução em que reduz a taxa de importação de glifosato da china de 35,8% para 11,7%.

Herbicida mais consumido na agricultura mundial, o glifosato é uma commodity e tem como seu principal produtor a China. O fato de o produto fabricado no Brasil estar no mercado a valores mais baixos, pode estar relacionada a uma certa contenção da indústria que produz no Brasil em aumentar mais os preços, segundo Túlio Teixeira, diretor-executivo da Associação Brasileira de Defensivos Genéricos (Aenda). "A Monsanto, a líder nesse mercado, ganha hoje mais com a semente transgênica do que com o glifosato. Assim, ela pode ainda fazer preço diferenciado. Além disso, o preço dos chineses também estão inflados em cima de especulação por conta da alta demanda. É possível que esse preço na China volte a baixar, mas não nos patamares anteriores", diz Aenda.

A Monsanto foi procurada para falar sobre o assunto, mas avisou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar porque não é a única produtora de glifosato no País. José Roberto Da Rós, presidente d Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) defende a manutenção da medida antidumping da China, sobretudo porque acredita que os preços no mercado chinês vão voltar a cair. Além disso, segundo ele, o estabelecimento da taxa de importação de 11,7% foi feita com base em cálculo do governo que considera os preços de importação de glifosato chinês via Argentina, que é o vinha acontecendo. "Essa alta já considerou os preços mais elevados do glifosato chinês ano passado", garante Da Rós.

Os preços devem recuar na China, no entanto, não nos patamares anteriores, de janeiro de 2007. Isso devido ao aumento da produção chinesa. O país fabricou em 2007 350 mil toneladas de produto técnico, volume que deve subir para 450 mil toneladas em 2008.

Fonte: Gazeta Mercantil (06/03/2008)


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