terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

GLOBALIZAÇÃO RACIONAL

A globalização, muito embora seja um fenônemo multimilenar, já que existe praticamente desde o início da saga do homem (homo sapiens – para não dar algum entendimento errado), continua despertando paixões, discussões, manifestações, depredações, raiva, etc. Afora as surradas expressões “abaixo ou fora com a globalização” e equivalentes.

Difícil entender porque isso acontece, a menos que nos encaminhemos pelo desagradável atalho do conhecimento, e ai fica mais fácil, podendo-se debitar o fato ao desconhecimento da história e de seu encaminhamento através do tempo.

A globalização, ao contrário do que muitos entendem e discutem, trata-se de mero desenvolvimento, nada mais. E não como ainda pensam alguns, que a globalização foi inventada por satã – aqui leia-se o grande irmão do norte – ou pelos países imperialistas para dominação dos países periféricos – também como pensam alguns. Se nos reportarmos ao passado, e vermos que cada vez que o homem dá um passo à frente cada parte do mundo e o homem ficam mais próximos, entenderemos melhor essa questão do desenvolvimento.

É fácil entender a globalização se pensarmos que quando fazemos comércio exterior estamos globalizando, e quanto mais comércio mais globalização. O mesmo ocorre com viagens ao exterior, tanto para estudos como turismo, negócios, etc. O mesmo ocorre com transferência de dinheiro para outro país, envio de um simples e-mail ou fax internacional, telefonema além-mar, dedicação de um pequeno tempo para se ver uma TV a cabo, etc.

Assim, por se tratar de evolução, não faz sentido ficarmos lutando contra ela, o que é uma tarefa no mínimo inglória e inútil. Gasta-se energia que pode ser melhor aproveitada em prol do próprio homem.

Se alguém tiver efetivamente a intenção e o forte desejo de acabar com a globalização, até que não será uma tarefa muito difícil e podemos ajudar a coordenar o “projeto”. Basta dividirmos os trabalhos e cada componente do grupo se dispuser a doar a sua energia para destruição de tudo aquilo que faz a globalização.

Um componente do grupo ficaria com a tarefa de destruir todos os aviões do mundo. Outro com a eliminação de todos os navios. Alguém poderá ficar com a incumbência de emudecer todos os telefones e congêneres capazes de permitir a comunicação entre os homens. Precisaremos de alguém que destrua todos os computadores do planeta, etc. etc. etc. Assim, circunscreveremos o homem ao seu cantinho como era no passado mais distante possível e, bingo, estará eliminada a globalização.

Melhor, podemos destruir a humanidade e teremos até um efeito melhor. Só que não poderá haver incompetência, pois, se sobrar um casal, globalização será apenas uma questão de tempo. Pois é, evolução é isso mesmo e tem que ser aceita. É para isso que o homem existe e pensa. Ainda bem prezado Descartes.

Podemos perceber, então, que não se luta contra a globalização, e que é preciso parar de desperdiçar tempo com isso. O nosso precioso tempo, e dos bravos combatentes, deve ser direcionado para tentarmos fazer com que a globalização sirva ao homem, isto é, trabalhe para ele. E não o contrário, e nem que a globalização sirva apenas a alguns poucos privilegiados.

Ela tem que servir a cada ser deste planeta, transferindo-se a cada um destes aquilo que a raça humana conquistou duramente através do tempo de sua existência. Durante o pouco tempo de vida de cada componente deste barco chamado planeta terra, ele deve usufruir de suas conquistas, que deve ser dele por herança. O homem nasceu para, entre ouras coisas, ser feliz e ter tudo que merece e que o homem pode criar.

Mas, infelizmente, não é isso que ocorre e, no afã de obter o seu quinhão, o homem encara o processo de forma errônea como já citado.

É preciso empreender uma luta sem trégua para obtenção do sucesso que cada um merece, e somente com a união dos interessados é que isso será possível. É preciso entender que a união faz a força, e que a força está apenas com o homem. Querer é poder como já diz um antigo ditado. Nada será alcançado lutando sem objetivo e apenas combatendo, ou tomando trilhas erradas.

E lutar simplesmente pela eliminação da globalização é a trilha errada. As ações “sugeridas” de destruição de tudo que o homem criou para incrementar a globalização, ou mesmo a destruição humana, também é a trilha errada.

Assim, a única trilha razoável é o entendimento de que o homem deve ser o fim de tudo, e não apenas alguns homens. É necessário acabar com a longa milenar história de que somos todos iguais, mas alguns são mais iguais que outros, também conforme um antigo ditado.

Platão: Mais vale acender uma vela, do que maldizer a escuridão.

Einsten: A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.

Samir Keedi
Professor, consultor e autor de vários livros na área de comércio exterior e tradutor oficial para o Brasil do “Incoterms 2000”.
e-mail: samir@aduaneiras.com.br

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