Com dólar fraco, mão de obra cara, carga tributária alta e demanda interna, aumenta compra de produtos típicos do país
Até feijão passa a ser importado da China; compras de alumínio e de álcool também crescem em 2011
A perda de competitividade do Brasil chegou a produtos nacionais típicos.
Em 2011, as importações de óleo de dendê avançaram 414%, as compras de coco seco subiram 172% e as de álcool, 1.058%, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
Sem falar nas cargas de feijão chinês e na evolução das importações de alumínio do país que possui a terceira maior jazida mundial de bauxita (minério de alumínio).
O câmbio, que em parte do ano passado esteve entre
R$ 1,50 e R$ 1,60, o aumento do custo da mão de obra e a alta carga tributária explicam a maior concorrência em produtos que têm a cara do Brasil, segundo especialistas.
"O país está muito caro, especialmente na produção. Por isso, perde competitividade até em setores em que tem vocação natural", afirma José Augusto de Castro, presidente em exercício da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A força do mercado interno também justifica as maiores importações. "Todo mundo quer vir para cá. Fatalmente, as importações sobem", diz Mauro Moreno, vice-presidente da Abal (Associação Brasileira do Alumínio).
No caso do alumínio, fatores conjunturais, como o alto preço da energia, desestimulam a produção local, o que também contribui para o aumento das compras.
VANTAGENS
Alguns países se aproveitam de acordos comerciais para atingir o hoje cobiçado mercado brasileiro.
É o caso da Colômbia, no óleo de dendê. Terceiro maior produtor mundial, o país, que paga tarifas mais baixas do que os rivais asiáticos, abastece parte da indústria alimentícia. A produção nacional não é suficiente para responder ao consumo.
No caso do coco, o Brasil precisou, há cerca de dez anos, impor salvaguardas para proteger a produção local. Mas, em 2011, as importações superaram em 30% o permitido, que é 6.000 toneladas.
"Não tem como competir com os produtores asiáticos", diz Francisco de Paula Domingues Porto, presidente do Sindcoco (Sindicato Nacional dos Produtores de Coco).
Mas não é só de países emergentes que o Brasil compra. A Suíça respondeu por 83% das importações de café industrializado em 2011.
As importações do produto cresceram 90%, reflexo do aumento da renda e da sofisticação do consumo.
Já a compra de feijão chinês foi um negócio de ocasião, graças à baixa do dólar.
"Não houve necessidade de grandes importações, mas oportunidades de trazer feijão a um preço competitivo", diz Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze consultoria.
A importação de álcool foi necessária para cobrir a primeira queda da produção nacional em dez anos, em um cenário de forte demanda.
(aspas)
Por : Tatiana Freitas, de São Paulo, Jornal "Folha de São Paulo", 25/01/2012
Até feijão passa a ser importado da China; compras de alumínio e de álcool também crescem em 2011
A perda de competitividade do Brasil chegou a produtos nacionais típicos.
Em 2011, as importações de óleo de dendê avançaram 414%, as compras de coco seco subiram 172% e as de álcool, 1.058%, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
Sem falar nas cargas de feijão chinês e na evolução das importações de alumínio do país que possui a terceira maior jazida mundial de bauxita (minério de alumínio).
O câmbio, que em parte do ano passado esteve entre
R$ 1,50 e R$ 1,60, o aumento do custo da mão de obra e a alta carga tributária explicam a maior concorrência em produtos que têm a cara do Brasil, segundo especialistas.
"O país está muito caro, especialmente na produção. Por isso, perde competitividade até em setores em que tem vocação natural", afirma José Augusto de Castro, presidente em exercício da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A força do mercado interno também justifica as maiores importações. "Todo mundo quer vir para cá. Fatalmente, as importações sobem", diz Mauro Moreno, vice-presidente da Abal (Associação Brasileira do Alumínio).
No caso do alumínio, fatores conjunturais, como o alto preço da energia, desestimulam a produção local, o que também contribui para o aumento das compras.
VANTAGENS
Alguns países se aproveitam de acordos comerciais para atingir o hoje cobiçado mercado brasileiro.
É o caso da Colômbia, no óleo de dendê. Terceiro maior produtor mundial, o país, que paga tarifas mais baixas do que os rivais asiáticos, abastece parte da indústria alimentícia. A produção nacional não é suficiente para responder ao consumo.
No caso do coco, o Brasil precisou, há cerca de dez anos, impor salvaguardas para proteger a produção local. Mas, em 2011, as importações superaram em 30% o permitido, que é 6.000 toneladas.
"Não tem como competir com os produtores asiáticos", diz Francisco de Paula Domingues Porto, presidente do Sindcoco (Sindicato Nacional dos Produtores de Coco).
Mas não é só de países emergentes que o Brasil compra. A Suíça respondeu por 83% das importações de café industrializado em 2011.
As importações do produto cresceram 90%, reflexo do aumento da renda e da sofisticação do consumo.
Já a compra de feijão chinês foi um negócio de ocasião, graças à baixa do dólar.
"Não houve necessidade de grandes importações, mas oportunidades de trazer feijão a um preço competitivo", diz Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze consultoria.
A importação de álcool foi necessária para cobrir a primeira queda da produção nacional em dez anos, em um cenário de forte demanda.
(aspas)
Por : Tatiana Freitas, de São Paulo, Jornal "Folha de São Paulo", 25/01/2012
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