Até antes do abalo da economia mundial, um dos assunto dominantes na mídia eram os gargalos logísticos que barravam o crescimento do País. Os estrangulamentos continuam os mesmos, um deles o sistema portuário. Assim, se crise econômica reduziu a temperatura da discussão, não privou São Paulo, por exemplo, da necessidade de novos portos como alternativa ao terminal marítimo de Santos, o mais importante do País.
Pode parecer monótono e repetitivo que a alternativa recaia mais uma vez em cima de Porto de São Sebastião, no litoral norte do esado paulista, de há muito reverenciado por seu calado generoso, de 25 metros, capaz de receber navios de grande porte, tendência mundial cada vez mais consolidada entre embarcações pela redução de custos de fretes.
Tantas vezes mitificado como salvação para o sistema portuário da região Sudeste, agora há um projeto integrado para colocar São Sebastião entre os importantes terminais brasileiros de outras cargas que não sejam petróleo e seus derivados.
Os números exibidos mostram a importância do terminal como um dos mais importantes portos de carga líquida do País - movimentou em 2007, segundo a Antaq, 49,8 milhões de toneladas de granel líquido, graças ao terminal da Petrobras, empresa que tem na logística pilar vital e, por isso mesmo, de há tempo escolheu São Sebastião como ponto estratégico – pelo calado profundo e por sua localização estratégica entre Rio e São Paulo.
Mas, Frederico Bussinger, diretor presidente da Companhia Docas de São Sebastião, está empenhado para que o porto seja importante também em outras cargas. Sua previsão é que possa movimentar no futuro (que ele não especifica) um total de 25 milhões de toneladas de mercadorias que não sejam petróleo e seus derivados. Tal número simplesmente
equivale a um salto de 30 vezes sobre o volume de 2008, quando São Sebastião movimentou 833 mil toneladas no cais público.
Para que tais projeções possam ser concretizadas, Bussinger liderou a execução do chamado Plano Integrado Porto-Cidade, que prevê melhorias profundas nas condições gerais de São Sebastião. A única coisa que não muda é o generoso calado, de 25 metros. "De resto, vamos mexer em tudo", diz o executivo, Exemplos: de um berço apenas, o porto terá oito; de 150 metros de extensão de berços, passará para 2.267 metros. De 414 mil metros quadrados de retroárea, passará para 900 mil metros quadrados.
Para que essas e outras obras saiam do papel, serão necessários investimentos de R$ 1,547 bilhão no porto para dragagem, aterros, preparo de áreas, obras marítimas, infraestruturas terrestre, equipamentos, tancagens e sistemas.
Obras no porto, porém, não bastam. Para multiplicar por 30 volume de cargas, como idealiza Bussinger, é preciso que as vias de acessos a São Sebastião recebam R$ 3,961 bilhões de investimentos - R$ 3,077 bilhões em rodovias no planalto, na serra e nas cidades circunvizinhas
e outros R$ 884 milhões em uma dutovia de 272 quilômetros de extensão.
O projeto do novo Porto de São Sebastião anda em ritmo acelerado. Idealizado em outubro de 2007, já venceu vária etapas no cronograma e agora está na fase de licenciamento ambiental tanto junto ao Daia (órgao estadual) quanto ao Ibama, no plano federal.
O cronograma prevê as licitações para arrendamento dos terminais já no segundo semestre deste ano. "Sabemos que investimentos públicos em projetos dessa envergadura são inevitáveis. Assumiremos tal responsabilidade e a condição de gestores, mas queremos a iniciativa privada como parceira", diz Bussinger, para arrematar. "O poder público sabe que tem de fazer seu papel para que os pretendentes possam se candidatar à noiva."
Fonte: Gazeta Mercantil
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