Diz o
ditado que “o diabo mora nos detalhes” No caso das normas que regem o comércio
exterior brasileiro o ditado é válido. O diabo existe e mora nas infralegais.
Para ser mais específico, mora nas instruções normativas, atos declaratórios e
etc.
Veja,
por exemplo, o que acontece com o acesso ao Siscomex (mais conhecido como
Radar). Agora, temos novas regras para habilitar a pessoa física responsável
pela pessoa jurídica no acesso ao sistema. São quatro novos critérios que vão
exigir muita atenção por parte do usuário:
1. Para as empresas
exportadoras não existe mais limites de operação;
2. O pedido
de habilitação será analisado em dois dias no caso de modalidade limitada
e; em 10 dias no caso de modalidade ilimitada;
3. Nas operações por
encomenda a empresa não pode mais se da capacidade financeira do importador, e
4. A análise da
capacidade financeira se dará pelo estudo da soma dos tributos recolhidos nos
últimos 5 anos.
E
neste ponto 4, o tinhoso mostra sua cara. Como fazer com as empresas
recém-constituídas? Como fazer com os consórcios de empresas, que por natureza,
tem um objetivo predeterminado e temporal?
Numa
primeira análise, estas empresas deverão requerer a sua habilitação e a mesma
será, (pelo critério de últimos recolhimentos de tributos), determinada como –
habilitação limitada.
Logicamente,
os valores estipulados por esta habilitação limitada (CIF-USD 150,000.00 por
períodos de 6 meses), não serão suficientes, o que levará a um pedido de
revisão de estimativas. Porém, não existe prazo (determinado na IN ou no ADE),
para a conclusão desta revisão de estimativas, ou seja, ela pode demorar dias
ou anos. Novamente, a obra do Lúcifer se conclui.
Do
jeito que as coisas estão apresentadas hoje, o Radar, que foi inicialmente,
concebido como um instrumento de controle das operações de comércio exterior,
será transformado em barreira não tarifária contra as importações, odiosa
prática condenada pela OMC. Mas mais importante ainda é o efeito nefasto que a
criatura do tinhoso provoca na segurança jurídica dos negócios. Que Deus nos
ajude.
Walter Thomaz Junior.
Consultor de comércio exterior.
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